Trabalho apresentado pela aluna Giselly Rodrigues
A Amazônia corresponde a uma área absoluta de 4.906.784,4km², ou seja, a quase 60% do território nacional.
A região apresenta um elevado potencial energético, com destaque para o potencial hídrico, biomassa e reservas de gás natural. Entretanto, por outro lado, detém os mais baixos índices de atendimento energético do país.
A partir da análise desse paradoxo, são identificadas as principais causas determinantes da problemática energética amazônica.
O paradoxo é conseqüência de um contexto complexo, que envolve questões econômicas, políticas, geográficas e técnicas, portanto, não podendo ser limitada a uma simples questão de oferta de energia.
ALGUMAS CARACTERÍTICAS REGIONAIS
População e economia
O cenário é predominantemente formado pela densa floresta e a presença de inúmeros cursos d’água contribui para que a população amazônica se concentre principalmente às margens dos rios, furos e igarapés, que servem como principais vias de transporte para a população regional.
A taxa de crescimento populacional mantêm-se elevada, apesar de notar-se uma queda continuada em relação à décadas passadas. No entanto, os estados da Amazônia não dispõem de recursos financeiros suficientes para construir em curto prazo infra-estrutura, que suporte taxas elevadas de crescimento populacional.
A economia da Amazônia está centrada principalmente na produção extrativista, comercialização da madeira e bens minerais, abundantes recursos na região mas, as matérias-primas exportadas geralmente têm baixo valor agregado.
Potencialidades Energéticas
A Amazônia é uma região dotada de um elevado potencial energético tanto em fontes não-renováveis quanto em fontes renováveis de energia. Contudo, fatores tecnológicos, econômicos, sociais, políticos e ambientais acabam sendo determinantes para o aproveitamento ou ao desse potencial.
Gás Natural
Os trabalhos exploratórios que vinham sendo desenvolvidos pela Petrobrás na bacia do Alto Amazonas foram contemplados com a descoberta da província dos rios Urucu e Juruá. Estima-se que as reservas totais de gás natural cheguem a 200 bilhões de metros cúbicos até 2004 ou 2005.
Com os investimentos realizados pela Petrobrás, a produção esperada será suficiente para garantir o abastecimento da região Amazônica em gás e derivados do petróleo para a próxima década.
Energia Hidráulica
O potencial hidrelétrico total da Amazônia é de aproximadamente 133 GW, representando cerca de 51,23% de todo potencial hidrelétrico brasileiro.
Carvão, Linhito e Turfa
As reservas totais de carvão mineral na Amazônia eram da ordem de 23 bilhões de toneladas. Como características dessa reserva ressalta-se o teor de cinzas entre 50% e 60%.
Com relação às ocorrências de linhito, as reservas estimadas eram da ordem de 36,4 bilhões de toneladas, que tem como algumas características teores de carbono fixo entre 65% a 70%, de cinzas em torno de 47% e de enxofre cerca de 7,8%, além do poder calorífico variando de 2.000 a 3.300 kcal/kg.
As reservas de turfa eram estimadas entre 60 a 70 bilhões de toneladas, sendo caracterizadas por apresentar um elevado teor de cinzas.
Biomassa
Da área total da Amazônia Legal recoberta por Florestas, mais 90% ainda estavam inalteradas no final da década de 80.
Os óleos vegetais são também bastante explorados.
Na Amazônia três espécies vegetais oleígenas merecem destaque:
o buriti (Mauritia Flexuosam spp), com estimativa de produção anual em torno de 5 toneladas de óleo por hectare e poder calorífico de 9.480 kcal/kg;
o dendê (Elaeis Guineensis), também com estimativa de produção anual em torno de 5 toneladas de óleo por hectare e poder calorífico de 9.480 kcal/kg;
o babuaçu (Orbignia spp), com estimativa de produção anual variando de 0,35 a 0,58 toneladas de óleo por hectare e poder calorífico de 9.016 kcal/kg.
Além da lenha e dos óleos vegetais, os resíduos da produção extrativista vegetal também são considerados como um grande potencial energético na Amazônia.
Energia solar
A radiação solar global incidente na região Amazônica apresenta valores significativos, mesmo considerando o aumento da nebulosidade, que ocorre no “inverno amazônico”.
O PARADOXO ENERGÉTICO AMAZÔNICO
Se por um lado, a região possui um elevado potencial energético, por outro, ela apresenta os mais baixos índices de atendimento elétrico do Brasil, o que evidencia a acentuada carência de eletrificação regional.
Baixa densidade e dispersão populacional:
população predominantemente ribeirinha, áreas de densa floresta, rios largos e caudalosos, grandes distâncias entre os locais de geração e consumo, acabam elevando os custos de oferta da energia.
A “exagerada priorização” dada à hidroeletricidade:
acaba beneficiando apenas as grandes concentrações populacionais urbanas, que residem na área dos sistemas interligados, refletindo descaso quanto ás questões energéticas regionais.
A “discriminação sócio-econômica”:
tende em beneficiar com eletrificação áreas rurais densamente mais povoadas e economicamente mais desenvolvidas.
A fragilidade da economia regional e problemas na distribuição da renda:
uma relação que tente a tornar a eletrificação diretamente proporcional ao crescimento da economia regional e a distribuição de renda, isto é, quanto maior for o desenvolvimento da economia e mais eqüitativa a distribuição de renda regional, maior será o número de pessoas beneficiadas por programas de eletrificação.
A falta de uma política energética sustentável, integrada a programas de desenvolvimento regional:
compromete a viabilidade dos programas de atendimento energético, porque boa parte da população amazônica não dispõe de renda suficiente para pagar tarifas elevadas.
O endividamento dos estados:
impossibilita a implantação de programas de eletrificação de caráter social.
INICIATIVAS PARA SOLUCIONAR A PROBLEMÁTICA ENERGÉTICA AMAZÔNICA
O desenvolvimento exige uma “co-evolução”, integrando os sistemas ecológicos, culturais e econômicos. Esse processo deve incorporar a questão ambiental, considerando a preservação da cobertura vegetal, a geração de empregos e o aumento do fluxo monetário para o bem-estar da população, onde a biomassa tem papel relevante.
o crescente uso do gás natural em centros urbanos e industriais:
poderá substituir plantas térmicas existentes e adiar a construção de novas hidrelétricas na Amazônia.
utilização das fontes renováveis de energia:
principalmente para o abastecimento de pequenas comunidades rurais.
Como gerenciar e garantir a sustentabilidade do atendimento energético se as fontes renováveis ainda apresentam, de certa forma, custos elevados e, por outro lado, governos e população não dispõe de recursos financeiros suficientes?
“Se não houver responsabilidade, ética, conhecimento, comprometimento com a busca de soluções para os problemas energéticos da Amazônia e suas relações com o desenvolvimento sócio-econômico regional, a “nova ordem energética” para a Amazônia sempre apresentará uma pseudo-sustentabilidade, servindo apenas para atender os interesses imediatistas do mercado e de alguns pesquisadores.”
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